Os grafites de um santo

 

O reinado de Isabel I foi terrível para os católicos da Inglaterra. Entre as vítimas da perseguição anticatólica se encontram vários membros da própria nobreza.

São Felipe Howard, Conde de Arundel, sofreu as falsas acusações de alta traição por parte da rainha, sua própria prima, e foi preso na famosa Torre de Londres. Seu pai também havia sido executado a mando da mesma rainha.

São Felipe permaneceu encarcerado por 10 anos sofrendo as privações e maus tratos da prisão. Morreu desidratado por causa de uma disenteria aos 38 anos em 19 de outubro de 1595. Existe a suspeita, embora não confirmada, que tenha sido envenenado.

No leito de morte pediu à rainha que lhe deixasse rever a esposa e o pequeno filho; sua mulher estava grávida quando foi preso e nunca chegou a conhecer o filho. Isabel lhe disse que se renunciasse ao catolicismo e se convertesse ao anglicanismo, teria a sua solicitação atendida. O santo se recusou e morreu só e abandonado no cárcere, sendo imediatamente reconhecido como mártir.

O santo conde escreveu nas paredes de sua cela: "Quanto mais aflições sofremos por Cristo neste mundo, mais glória com Cristo teremos no futuro". Com esse grafite nos deixou um testemunho de sua ardente fé gravado nas pedras frias da prisão.

O santo da alegria.

 

 

O bom-humor de São Felipe Néri é famoso; inclusive se diz que o santo é o padroeiro dos comediantes. Mas o que muitos não sabem é que ele utilizava o humor como instrumento de santificação e humildade.

São Felipe não gostava da fama de santo que tinha já em vida, por isso algumas vezes apareceu em público somente com a metade da barba raspada. Sua intenção era de que as pessoas o julgassem mais louco do que santo.

Outras vezes, até mesmo em encontros oficiais com bispos e autoridades eclesiásticas, usava o seu barrete torto, caindo sobre a orelha, de modo a enxergarem-no como um padre desleixado.

Certa vez quando um padre foi “espioná-lo” na Missa pra ver se eram reais os boatos sobre êxtases e levitações, o santo romano pronunciou tão mal o latim litúrgico (de propósito) que o espião tomou-o por um ignorante medíocre.

São Felipe deseja ardentemente ser santo, mas aos olhos de Deus e não dos homens. Como precisamos aprender isso nos dias de hoje!  Ainda assim, apesar de suas “maluquices” todo o povo o reconhecia como um grande santo, o santo da alegria.

O padre e o coroinha mártires.

 

O Bem-Aventurado Padre Manuel Gomez Gonzales, espanhol, veio para o Brasil no início do Século XX e acabou por se tornar pároco de Nonoai no interior do Rio Grande do Sul.

Devido às grandes distâncias, fazia muitas viagens para atender às comunidades de paroquianos. Nessas viagens era acompanhado muitas vezes pelo jovem Adílio Daronch que lhe servia como coroinha.

Durante a Revolução de 23 o Padre Manuel foi jurado de morte por alguns líderes anticlericais. O motivo principal: além de pregar a paz e o fim das hostilidades, o padre também praticava a caridade enterrando os mortos que, na visão deturpada daqueles homens, deveriam apodrecer ao ar livre, numa forma de guerra psicológica contra os inimigos.

As ameaças não tiraram o zelo apostólico do padre e do coroinha. Em uma de suas viagens pastorais, no atual município de Três Passos, os beatos foram pegos numa emboscada, torturados e fuzilados pelos revolucionários.  Era o dia 21 de maio de 1924.

Homens de grande coragem que não temeram as ameaças e desprezaram a própria vida neste mundo pois acreditavam numa vida mais excelente depois desta.  Que eles intercedam por nós para que sejamos sempre firmes em nossa fé!

O primeiro transplante da história!

Este é um dos milagres mais impressionantes operados pela intercessão dos Santos Cosme e Damião:

Havia em Roma um homem muito devoto e que servia de sacristão na basílica dedicada aos santos irmãos. Este homem desenvolveu um tumor na perna que acabou por gangrená-la completamente.

Uma noite ele sonhou com os santos que foram médicos em vida. No sonho eles realizaram uma cirurgia, transplantando sua perna doente com a perna de um homem etíope que havia morrido naquele dia.

Ao acordar, o sacristão percebeu que sua perna estava em perfeito estado, completamente curada, mas estava diferente: tinha a pele negra.

A notícia do milagre se espalhou tão rapidamente e de forma tão impactante que resolveram exumar o corpo do homem etíope. Pra surpresa de todos, seu corpo estava com a perna gangrenada que havia pertencido ao sacristão.

Por conta deste grande milagre os Santos Cosme e Damião são considerados padroeiros dos médicos cirurgiões e dos pacientes transplantados.

Uma nobre romana do século I

 

Existem poucos (e confusos) dados históricos sobre Santa Flávia Domitila, mas o que se sabe já nos dá ideia da grandeza desta mulher.

Ela viveu ainda no século I em Roma, ou seja, fez parte das primeiras gerações de cristãos da Cidade Eterna. Fazia parte da nobre Dinastia Flaviana; era neta do Imperador Vespasiano e sobrinha dos imperadores Tito e Domiciano.  Provavelmente foi esposa do Cônsul Flávio Clemente, também ele, mártir e santo. Foi uma das mulheres mais famosas de seu tempo.

Por se declarar cristã, seu próprio tio Domiciano condenou-a ao exílio numa ilha praticamente deserta (provavelmente a Ilha de Ponza), punição comum entre as mulheres da nobreza romana acusadas de algum crime. Lá ela definhou em um prolongado martírio.

Apesar da perseguição, o Evangelho ganhou tanta força em Roma que, já no século I, chegou a todas as camadas da sociedade, desde os escravos até os nobres.

O médico dos pobres

Este é o mais novo Beato da Igreja: José Gregorio Hernández, o “médico dos pobres”.

O Dr. José Gregorio, beatificado no último dia 30/04/21, estudou medicina e fez várias especializações em Paris. Ao voltar pra Venezuela deu aulas na Universidade Central de Caracas.

Em certo momento decidiu abandonar tudo e abraçar a vida monástica, mas passou poucos meses no mosteiro por causa de sua saúde frágil. Tentou também se tornar padre e novamente foi impedido por uma enfermidade.

Ele compreendeu que Deus o queria leigo e foi assim que se santificou. Serviu a Cristo nos enfermos, principalmente nos mais pobres a quem ele cuidava com muita caridade.

Morreu tragicamente em 1919 ao ser atropelado enquanto atravessava uma avenida. Ele se dirigia a uma farmácia para comprar remédios para uma idosa muito pobre a quem ele tratava.