Objetivo

"Flos Sanctorum" significa "Flor dos Santos". Era o nome de vários livros antiquíssimos que contavam a vida dos santos.
O objetivo deste blog é partilhar pequenos fatos sobre a vida dos santos, beatos, veneráveis, servos de Deus e outras testemunhas da Igreja Católica. Imitemos aqueles que imitaram a Cristo!


01/07/2020

Os olhos verdes da santa.



Um bebê havia acabado de nascer no Hospital Columbus de Nova York. Era o ano de 1921. A irmã enfermeira responsável pelos primeiros cuidados acabou por cometer um erro terrível: ao lavar os olhos da criança usou uma sobredose de nitrato de prata. A medicação errada provocou queimaduras de 3º grau nos pequenos olhos do bebê, além de varias outras complicações que certamente o levariam à morte em poucas horas; somente um milagre poderia salvá-lo. E o milagre aconteceu!

As irmãs começaram a revezar-se na capela implorando a intercessão de sua Madre fundadora, que havia morrido há pouco mais de 20 anos, Francisca Xavier Cabrini.

Na manhã seguinte o médico especialista encontrou a criança perfeitamente saudável. Todos os sintomas haviam desaparecido e não havia nem mesmo cicatrizes. Algo que chamou muito a atenção de todos foi que agora os olhos da criança estavam verdes, diferente do atestado no nascimento e da própria genética familiar. Este milagre levou Madre Cabrini à beatificação e posteriormente à canonização, mas não parou por aí…

Quase 30 anos depois, o corpo da santa foi exumado e verificou-se que estava incorrupto, exceto por seus olhos verdes que haviam desaparecido! Exames posteriores comprovaram que seus olhos haviam sido “transplantados” para aquele bebezinho. Ele já havia crescido, se formado em medicina e se ordenado sacerdote da Igreja.


23/06/2020

Humildade e bom humor



Conta-se que São João Maria Vianney, apesar do seu esforço, tinha bastante dificuldade nos estudos, principalmente no Latim, o que atrapalhava muito sua vida no seminário.

Um dia o bispo lhe interroga:

- João, alguns dizem que você é burro e não entende nada de teologia. Como poderei te ordenar sacerdote?

O santo com muita humildade, mas também grande senso de humor responde:

- Excelência, Sansão matou mil filisteus só com uma queixada de burro. Imagine o que Deus pode fazer com um burro inteiro!

João foi ordenado por reconhecerem sua piedade. Seu ministério sacerdotal foi extraordinariamente frutuoso. Hoje a Igreja o reconhece como modelo para a vida sacerdotal. É o padroeiro de todos os padres!


Nhá Chica e o discernimento de santas vocações


Certo dia em 1873, como acontecia cotidianamente, uma família veio visitar Nhá Chica, a velhinha com fama de milagreira da cidade de Baependi, Minas Gerais. Era a rica família do Conselheiro Pedreira da cidade imperial de Petrópolis, e vinham acompanhados de um padre.

Os pais estavam aflitos; sua filha Zélia queria se tornar freira na congregação que o jovem Pe. Siqueira tencionava fundar. O Conselheiro e sua esposa não queriam dar sua bênção; queriam que a menina tivesse um bom casamento.

Depois da Missa, para espanto de todos, Nhá Chica consolou o padre dizendo que devia sim prosseguir com a fundação da congregação, mas profetizou sobre Zélia: “Esta aqui vai se casar, terá muitos filhos, mas no fim será toda do Senhor”. Todos aceitaram aquilo como vontade de Deus manifesta pela boca de sua fiel serva.

De fato o Pe. Siqueira fundou a Congregação do Amparo em Petrópolis para a educação de meninas pobres. Hoje está em processo de beatificação.

Zélia se casou com o Dr. Jerônimo e tiveram 13 filhos, dos quais 4 morreram ainda na infância. Dos 9 que cresceram os 3 homens se tornaram sacerdotes e as 6 mulheres foram religiosas em diversas congregações. Depois de viúva Dona Zélia também entrou para um convento, para ser toda do Senhor. O casal Zélia e Jerônimo são considerados Servos de Deus e também têm o seu processo de beatificação aberto.

Nhá Chica foi beatificada em 2013 e só precisa de mais um milagre realizado por sua intercessão para ser oficialmente declarada santa.


18/06/2020

As Doze Promessas


No ano de 1675, Nosso Senhor apareceu a Santa Margarida Maria Alacoque e lhe revelou Seu Sagrado Coração. Neste encontro místico, Jesus faz doze promessas àqueles que se tornarem verdadeiros devotos de seu Coração. São elas:

 

1ª Promessa: “A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de Meu Sagrado Coração”;

2ª Promessa: “Eu darei aos devotos de Meu Coração todas as graças necessárias a seu estado”;

3ª Promessa: “Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias”;

4ª Promessa: “Eu os consolarei em todas as suas aflições”;

5ª Promessa: “Serei refúgio seguro na vida e principalmente na hora da morte”;

6ª Promessa: “Lançarei bênçãos abundantes sobre os seus trabalhos e empreendimentos”;

7ª Promessa: “Os pecadores encontrarão, em meu Coração, fonte inesgotável de misericórdias”;

8ª Promessa: “As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas pela prática dessa devoção”;

9ª Promessa: “As almas fervorosas subirão, em pouco tempo, a uma alta perfeição”;

10ª Promessa: “Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais endurecidos”;

11ª Promessa: “As pessoas que propagarem esta devoção terão o seu nome inscrito para sempre no Meu Coração”;

12ª Promessa: “A todos os que comunguem, nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna”.

12/06/2020

Os santos adormecidos



Por volta do ano 250 o Imperador Décio visitou a cidade de Éfeso e mandou que se oferecessem sacrifícios aos deuses sob pena de morte.  Sete jovens se negaram e foram denunciados como cristãos. Eram eles: Maximiano, Malco (Jamblicus), Maciano, Dionísio, João, Serapião (Antonino) e Contantino (Exacustodiano).

Eles conseguiram se refugiar em uma caverna onde permaneceram por alguns dias, saindo apenas pra comprar mantimentos e, ainda assim, disfarçados.  Acontece que o imperador descobriu e mandou selar a entrada da caverna para que os santos morressem de fome. Um cristão escondeu entre as pedras um relato sobre os “mártires”. Mas Deus tinha outro plano, diferente do martírio. E eles adormeceram...

Cerca de 200 anos depois o império já havia se convertido, mas uma heresia que negava a ressurreição avançava sobre Éfeso.  Por acaso a caverna foi descoberta e reaberta. Os jovens acordaram como se houvesse passado apenas uma noite!

Um deles foi até a cidade comprar pão e não entendeu nada quando viu os símbolos cristãos espalhados por todos os lugares e as pessoas falando livremente de Nosso Senhor. As moedas antigas que usou para pagar as contas chamaram a atenção das pessoas e ele acabou sendo levado à presença do prefeito e do bispo. Depois de bastante confusão o bispo foi conduzido até a caverna onde os outros seis companheiros esperavam; lá el e entendeu que este havia sido um sinal enviado por Deus para reconduzir à fé aqueles que negavam o Seu poder de ressuscitar os mortos.

Depois de tudo esclarecido os santos dormiram novamente, desta vez até o dia da Ressurreição Final.


Santo Antipas de Pérgamo


Antipas foi bispo de Pérgamo. Segundo uma antiga tradição, fez parte dos 72 discípulos de Cristo e depois acompanhou São João Evangelista.

Foi preso durante a perseguição de Nero, no ano 68, e condenado à morte numa tortura terrível: preso dentro de um touro de bronze incandescente.

O santo foi citado na própria Sagrada Escritura: “Tu te apegaste firmemente ao meu nome e não renegaste a minha fé, mesmo naqueles dias em que minha fiel testemunha Antipas foi morto entre vós, onde Satanás habita." (Ap 2, 13)


11/06/2020

Viva Cristo Rei! Uma foto...



Na segunda metade da década de 1920 o governo liberal e anticlerical do México promoveu uma dura perseguição contra a Igreja. A reação por parte dos católicos ficou conhecida como Guerra Cristera. Foram anos de heroísmo e martírio. Um dos maiores símbolos desse período foi o Beato Miguel Agustin Pro.

 Na tentativa de abalar o moral dos cristeros, o governo achou por bem convocar a imprensa para cobrir a execução do Pe. Pro. Pensavam que a divulgação das fotos de um padre desesperado, chorando por sua vida, seria constrangedor para o povo católico.

Na hora marcada, o beato jesuíta foi levado diante do pelotão de fuzilamento. Tendo numa mão o rosário e na outra o crucifixo, Pe. Pro abre os abraços como o Jesus; com rosto sereno e voz forte entoa o brado de guerra, “Viva Cristo Rei!”, e entrega a vida.

Imediatamente as fotos do assassinato começam a se espalhar, mas, para espanto dos tiranos do governo, o efeito é o contrário do esperado. Ao verem a foto do mártir, os católicos mexicanos se encheram de fervor. A devoção, a coragem e a piedade cresceram entre os que estavam amedrontados. O grito de “Viva Cristo Rei” se espalhou ainda mais por todo o país.

O governo não entendia que a Igreja nunca terá medo do martírio, o que ela teme é separar-se do Senhor.


10/06/2020

A cor da Virgem Aparecida



Estamos acostumados a ver a imagem de Nossa Senhora Aparecida toda em um tom caramelo escuro, mas é muito provável que, seguindo o padrão da época em que a imagem foi feita, ela fosse bastante colorida. 

A explicação mais comum é que ela tenha perdido as tintas pelos anos mergulhada nas águas do Rio Paraíba. Mas a sensibilidade do povo sempre viu nisso um sinal espiritual da identificação de Maria Santíssima com o povo sofredor. Nossa Senhora assumiu a pele negra dos seus filhos que viviam escravizados na época do encontro da imagem milagrosa.


Os hinos de Corpus Christi



Por ocasião da instituição da Solenidade de Corpus Christi, o Papa Urbano IV promoveu uma espécie de “concurso” para a confecção dos hinos litúrgicos que seriam cantados nas Missas e Ofícios da nova festa. Ele encomendou a composição aos dois maiores teólogos de sua época:  Santo Tomás de Aquino e São Boaventura.

No dia marcado, os dois santos compareceram diante do Sumo Pontífice.  Santo Tomás foi o primeiro a apresentar sua obra. Conta-se que enquanto o coro cantava, diante de tamanha beleza e tão alta teologia, com grande humildade São Boaventura rasgava em pedaços a sua própria composição dando assim a honra a Santo Tomás de ter os seus cânticos incluídos na liturgia da Igreja.

De fato até hoje cantamos essas composições. São o “Tantum Ergo” (Tão Sublime Sacramento),  o “Adoro-te devote”, o “Lauda Sion” entre vários outros.


São Cirilo e Hipátia



Não é de hoje que artifícios sujos como “fake news” e “assassinato de reputações” são utilizados contra inimigos; nem mesmo os santos escaparam. Esse o caso da história de São Cirilo e Hipátia.

Hipátia foi uma filósofa e matemática pagã que viveu em Alexandria na mesma época em que São Cirilo era o patriarca. Seus ensinamentos devem ter tido grande influência social, de modo que Hipátia fez muitas inimizades em vários setores da grande metrópole. É verdade que São Cirilo era um desses inimigos devido às implicações religiosas dessas doutrinas, porém seus embates com Hipátia ficavam no campo das ideias, do debate, da pregação.

O fato é que a filósofa foi brutalmente assassinada por um grupo de homens liderados por um cristão, que para maior escândalo de todos, exercia o ministério litúrgico de leitor. De toda forma as fontes mais antigas mostram que a motivação para o crime foi eminentemente política e não religiosa. O santo patriarca prontamente condenou a ação dizendo que não é assim que os cristãos tratam os inimigos.

Aproveitando-se da enorme repercussão, os hereges arianos e nestorianos não tardaram em insinuar através de seus escritos que o crime teria sido ao menos aprovado por São Cirilo. Séculos depois alguns protestantes retomaram a narrativa. Com o intuito de colocar em dúvida as canonizações católicas, passaram a mostrar Cirilo como incentivador do assassinato. Como um santo poderia ser cúmplice de ato tão cruel?

Mas a pior campanha de difamação aconteceu pela pena dos iluministas anticlericais e naturalistas (entre eles, Voltaire) no século XVIII. São Cirilo passou a ser retratado como mandante do crime, que teria sido perpetrado por uma horda de monges fanáticos. A ideia era mostrar como a religião é inimiga da razão.

Assim se consolidou a mentira no imaginário popular e o piedoso bispo é conhecido por muitos hoje em dia como um assassino sanguinário. Nada mais longe da verdade.


08/06/2020

O catolicismo perseguido no Japão


O catolicismo foi perseguido no Japão entre os séculos XVI e XIX, gerando inúmeros santos mártires.

Para seguir com as devoções e o culto, então proibidos, os católicos "disfarçavam" as imagens dos santos, sob uma aparência budista ou xintoísta. 

A imagem acima representa a Virgem Maria, com uma cruz no peito e ladeada por dois anjos.

O Negro Manuel



Está aberta a causa de canonização de Manuel Costa de los Rios, conhecido carinhosamente como “Negrito Manuel”. Ele foi o primeiro guardião da Virgem de Luján, hoje padroeira da Argentina. Sua história, assim como a da própria imagem de Luján, tem relação com o Brasil. Manuel foi trazido como escravo da África no século XVII.

Em 1630 umas imagens de Nossa Senhora foram encomendadas por um português que vivia na Argentina a um amigo de Pernambuco. Na comitiva que, entre outras coisas, levaria as imagens, também foi o escravo Manuel.

Já em terras argentinas, nas margens do Rio Luján, a carroça que transportava as imagens parou e por mais esforço que se fizesse não avançava em nada. Somente depois que retiraram o caixote com a pequena imagem da Imaculada Conceição foi que os bois se moveram livremente. A comitiva viu nisso um sinal de que a Virgem queria permanecer ali, e assim o fizeram.

O Servo de Deus Manuel permaneceu naquelas terras e ajudou a construir com as próprias mãos a primeira capelinha para a Virgem de Luján. E assim passou 40 anos cuidando da imagem milagrosa e acolhendo os peregrinos.

Anos depois os herdeiros de seu antigo dono vieram reclamar a posse de seu antigo escravo. Manuel, durante a disputa, afirmou “Sou da Virgem somente”. Os devotos de Nossa Senhora, conhecedores da fama de santidade do homem, fizeram uma coleta e pagaram sua alforria. Assim, o Servo de Deus Manuel, agora oficialmente livre, dedicou o resto de seus dias à sua verdadeira Senhora, a Virgem de Luján.

Os braços de Moisés



Moisés de braços abertos no alto do monte, intercedendo por Israel é prefiguração do Cristo que, de braços abertos sobre o Calvário, intercederia com seu Sangue pela nossa salvação.

Na imagem os Santos Patriarcas Moisé, Aarão e Hur na batalha contra os amalecitas descrita em Ex 17, 8-16


São Lúcifer!!! 😱



Você sabia que a Igreja tem um Santo chamado Lúcifer?

Lúcifer (ou Lucífero) Calaritano foi um bispo de Cagliari na Sardenha e é conhecido, sobretudo, pela sua oposição à heresia do arianismo. Sua festa, no calendário litúrgico é dia 20 de maio.

Só pra esclarecer, nessa época o nome Lúcifer ainda não era tão usado pra se referir ao demônio. O nome significa originalmente “portador da luz” e na antiguidade era usado para se referir ao planeta Vênus, a “estrela da manhã”. Por esta ser uma referencia bíblica à queda do anjo rebelde na profecia de Isaías (cf. Is 14,12) o nome ficou associado ao mal.

Santa Joana D'Arc, Rainha da França por 5 minutos



A missão imediata de Santa Joana D’Arc era fazer com que o Príncipe Carlos, injustamente afastado da sucessão ao trono, fosse coroado Rei da França. Mas essa missão tinha um significado maior: mostrar que o verdadeiro Rei é Nosso Senhor Jesus Cristo e que ele deve reinar não só nos corações, mas também em toda a sociedade.

No dia 21/06/1429, ela pediu um “presente” ao futuro rei: nada mais nada menos que todo o seu reino! Subjugado por um influxo sobrenatural da graça o príncipe consentiu, ainda que sem entender muito o quê estava acontecendo: “Joana, te dou o meu reino”. Mas Santa Joana quis ainda oficializar a doação do Reino da França através de um documento redigido e assinado por quatro secretários e pelo próprio príncipe.

Santa Joana D’Arc tornou-se assim verdadeira rainha da França, ainda que por poucos minutos, e seu único ato oficial como tal foi doar o reino a Cristo, também com papéis assinados e tudo. Ela assim mandou escrever: “Joana doa o reino a Jesus Cristo”.

Depois disso, tomada em profecia Santa Joana declara: “Eu, o Senhor Eterno, dou a França ao Rei Carlos”.

Esta passagem, muitas vezes esquecida, da vida da Donzela de Orléans ficou conhecida como a “Tríplice doação da França” e nos lembra que Jesus deve reinar também sobre o governo das nações; isto é o reinado social de Cristo na prática.

A padroeira dos coelhinhos



Santa Melangell (Monacella em latim), foi uma princesa irlandesa nascida no século IV.

Na sua juventude, seus pais arranjaram seu casamento, mas a mesma negou pois havia consagrado a Deus sua virgindade. Como seu pai insistiu ela fugiu de casa, vivendo 15 anos em uma caverna num bosque no País de Gales.

Certo dia, o Príncipe Brochwel estava caçando lebres por esporte, quando se deparou com a Santa. A lebre que ele caçava se escondeu sob o manto dela, que afugentou os cachorros.

O príncipe pediu que a santa eremita contasse sua história, e no final das contas ele ficou tão maravilhado com a sua beleza, suas virtudes e amor à Deus que a pediu em casamento; ela mais uma vez recusou. O príncipe aceitou a recusa de bom grado, dando-lhe àquelas terras, em que ela fundou um mosteiro, onde foi abadessa até a sua morte. O mosteiro acolhia peregrinos e servia de abrigo para as lebres e também outros animais.

Ainda há o santuário que acolhe suas relíquias onde funcionava o mosteiro, porém uma parte dele foi destruído durante a Reforma Protestante.

Ela passou a ser venerada em 590, é considerada padroeira das lebres/coelhos, pequenos animais e do meio ambiente.


A santidade abandonada


Judas Iscariotes é uma figura interessantíssima das Sagradas Escrituras. Não há dúvida que seria perdoado por Nosso Senhor caso se abrisse ao arrependimento. Poderia ser a mais bela história de conversão e de santidade da Igreja, mas ele optou deliberadamente por abandoná-la; não se arrependeu, pelo contrário, se desesperou.

A imagem é de um ícone bizantino da Santa Ceia; mostra Judas saindo do Cenáculo para consumar a traição. Um detalhe desconcertante é que o iconógrafo desenhou sua silhueta com a auréola de santidade como que deixada pra trás, a santidade abandonada pelo apóstolo traidor.

Que a triste história de Judas nos ensine a jamais desesperarmos da salvação e da santidade. Ainda que pecadores, busquemos o arrependimento e a Misericórdia do Senhor!

A filha de São Pedro

Uma tradição secular nos diz que o Apóstolo São Pedro tinha uma filha. Esse fato é absolutamente aceitável já que na época de seu chamado, Simão Pedro era casado ou viúvo (cf. Mc 1,29-31). Muitos quiseram identificar essa filha de São Pedro com Santa Aurélia Petronila, mas é improvável que esta tenha sido sua filha biológica.

Podemos dizer com quase total certeza que Santa Petronila era romana, descendente de Tito Flávio Petro (daí possivelmente o seu nome), da dinastia Flaviana. Era, portanto, da nobreza romana e parenta dos imperadores.

Sua filiação com São Pedro se dá de modo espiritual. Teria sido curada de uma paralisia e batizada pelo primeiro Papa, tornando-se assim sua discípula. Santa Aurélia Petronila é da primeira geração de cristãos romanos.

Conta-se que um nobre romano chamado Flaccus pediu-a em casamento sendo rejeitado pela santa que já havia se decidido por consagrar sua virgindade a Cristo. Flaccus lhe ameaçou e deu três dias para que pensasse na proposta. Petronila rezou e jejuou nesse tempo, e Deus atendeu-a chamando-a à eternidade no terceiro dia.

No entanto a história pode ter sido bem diferente já que ela sempre foi considerada mártir. Talvez nesses três dias tenha ocorrido o seu martírio.

Quanto à filha biológica de São Pedro, se realmente existiu, não se tem nenhum registro histórico de sua vida.

O cavaleiro cabisbaixo


Em frente a Basílica de São Francisco em Assis, há a estátua de um cavaleiro cabisbaixo, com clara expressão de desolação. É a imagem do próprio São Francisco voltando humilhado da guerra.

De fato, ele teve seu sonho de se tornar um nobre cavaleiro frustrado ao ser derrotado e preso durante uma batalha. Foi no cárcere que seu processo de conversão teve início ao meditar sobre a vaidade de seus planos e a vanglória humana.

Francisco poderia ter sido um herói, mas seu fracasso fez dele algo muito melhor, um dos maiores santos da história da Igreja.

Deus sabe o bem que Ele pode nos dar através de nossas cruzes. No "fracasso" da Cruz se mostra a vitória da soberana vontade de Deus!


A santa bisavó de Cristo


De acordo com uma antiga tradição Santa Emerenciana e Santo Hortolano são os pais da Senhora Santana, avós da Virgem Maria e, portanto, bisavós de Cristo.

Desde os tempos do Profeta Santo Elias havia comunidades monásticas vivendo nos arredores do Monte Carmelo; são as origens remotas da Ordem Carmelita. Emerenciana e Hortolano eram ligados a essas comunidades.

Santa Emerenciana tinha o desejo de consagrar sua virgindade a Deus, mas foi dissuadida deste propósito por alguns monges que receberam uma revelação divina. Um anjo lhes mostrou, numa visão, uma raiz de onde surgiu uma grande planta que floresceu e que deu um belo fruto. O anjo lhes disse que o fruto seria uma criança descendente de Emerenciana. De fato ela (a raiz) gerou Ana (a planta) da qual nasceu a Virgem (a flor) que foi a mãe do Deus Encarnado, Cristo Jesus.

Ela então se casou com Hortolano e além de Ana geraram também Isméria que depois se tornou mãe de Santa Isabel. Depois disso os dois viveram o resto de suas vidas em perfeita castidade.

A tendência dos teólogos e historiadores atuais é rejeitar toda esta história como mais uma lenda medieval, já que foi registrada bastante tardiamente. No entanto muitos detalhes (vida monástica, votos de virgindade, localizações...) se encaixam bastante com recentes descobertas sobre a vida das comunidades essênias, das quais, provavelmente, São João Batista fazia parte. É possível que a família de Nosso Senhor tivesse ligação com essas comunidades há algumas gerações.


Ó meu Deus, Trindade que eu adoro



Ó meu Deus, Trindade que eu adoro,

ajudai-me a esquecer-me inteiramente,

para me estabelecer em vós,

imóvel e pacífica como se já a minha alma estivesse na eternidade.

Que nada possa perturbar a minha paz,

nem fazer-me sair de vós, ó meu Imutável,

mas que cada minuto me leve mais longe

na profundeza do, vosso Mistério.

Pacificai a minha alma, fazei dela o vosso céu,

vossa morada amada e o lugar de vosso repouso.

 

Que nunca aí eu vos deixe só,

mas que esteja lá inteiramente,

toda acordada em minha fé, perfeita adoradora,

toda entregue à vossa Acção criadora.

 

Ó meu Cristo amado, crucificado por amor,

quereria ser uma esposa para o vosso Coração,

quereria cobrir-vos de glória,

quereria amar-vos... até morrer de amor!

Mas sinto a minha incapacidade

e peço-vos para me «revestir de vós mesmo»,

para identificar a minha alma com todos os movimentos de vossa alma,

me submergir, me invadir, e vos substituir a mim,

a fim que a minha vida não seja senão uma irradiação da vossa Vida.

Vinde a mim como Adorador,

como Reparador e como Salvador.

 

Ó Verbo eterno, Palavra do meu Deus,

quero passar a minha vida a escutar-vos,

quero tornar-me inteiramente dócil ao vosso ensino,

a fim de tudo aprender de vós.

Depois, por entre todas as noites,

todos os vazios, todas as incapacidades ,

quero fixar-vos sempre e permanecer sob a vossa grandiosa luz;

 

ó meu Astro amado,

fascinai-me para que já não possa mais sair da vossa irradiação.

 

Ó Fogo consumidor, Espírito de amor, «sobrevinde em mim»,

a fim que se faça na minha alma como uma encarnação do Verbo:

que eu Lhe seja uma humanidade de acréscimo

na qual Ele renove todo a seu Mistério.

 

E vós, ó Pai, inclinai-vos para esta vossa pobre pequena criatura,

«cobri-a com a vossa sombra»,

não vede nela senão o Bem Amado no qual pusestes todas as vossas complacências

 

Ó meus Três, meu Tudo, minha Beatitude, Solidão infinita,

Imensidade em que me perco,

entrego-me a vós como uma presa.

Sepultai-vos em mim para que eu me sepulte em vós,

esperando ir contemplar na vossa luz o abismo das vossas grandezas.


07/06/2020

Drogado e Santo



São Marcos Ji Tianxiang foi médico, membro de uma fervorosa família católica chinesa no século XIX. Homem de grande caridade, exercia forte influência em sua pequena comunidade cristã.

Passou a fazer uso de ópio para fins medicinais durante uma enfermidade estomacal que teve. Infelizmente aquilo que deveria ser um remédio acabou por provocar uma terrível dependência química e Marcos Ji tornou-se mais um “drogado” à margem da sociedade.

Ele lutou contra o vício durante 30 anos sem, contudo, conseguir a recuperação. Durante todo esse tempo ficou impedido de receber os sacramentos por causa do escândalo causado e das múltiplas recaídas. Ainda assim ele nunca deixou de rezar.

Em 1900, quando a Rebelião dos Boxers estourou, Ji foi preso juntamente com dezenas de outros cristãos, incluindo outros membros se sua família como filhos, noras e netos.

Aquele homem que nunca teve forças para vencer o vício alcançou enorme fortaleza para não negar a Cristo, mesmo em meio às torturas da prisão. Ele pediu aos carrascos que fosse o último a ser executado, pois queria consolar todos seus familiares na hora da morte.

Conta-se que enquanto iam para o martírio, um de seus netos, com medo, lhe perguntou: - Vovô, para onde estamos indo?

São Marcos Ji respondeu: - Estamos indo pra casa!


O menino que ensinou um Doutor da Igreja



Santo Agostinho caminhava um dia pela praia pensando no mistério da Santíssima Trindade. Grande intelectual que era, queria entender a Unidade e Trindade de Deus, o maior dos mistérios da Fé Católica. Então ele encontrou uma criança que, com uma concha, tentava encher de água um buraquinho cavado na areia. O santo então perguntou:

— Menino, o que está fazendo?

A criança respondeu:

— Quero transportar toda a água do mar para dentro desse buraco que fiz…

— Mas isso é impossível! – disse Santo Agostinho.

O menino tornou-se sério e fixando-o nos olhos, disse:

— É mais fácil pôr o mar dentro desse buraco do que compreender o mistério da Santíssima Trindade. – após dizer isto, desapareceu. 

Santo Agostinho entendeu que aquele menino era um anjo enviado por Deus em auxílio de suas dúvidas e de seu desejo desproporcional de compreender a Deus com o intelecto limitado humano.

Tudo isso não significa que não devamos buscar conhecer a Deus com nossa inteligência; é pra isso que existe a sagrada teologia. Devemos sim buscar compreender o máximo possível da doutrina católica. No entanto temos que aceitar com humildade que nosso entendimento será sempre limitado; nem mesmo no Céu abarcaremos a totalidade do conhecimento de Deus.